domingo, 20 de abril de 2008

PRECE INDÍGENA


Oh! Grande Espírito, cuja voz ouço nos ventos, e cujo alento dá origem a toda a vida, ouça-me, sou pequeno e fraco, necessito de Sua força e sabedoria. Deixa-me andar na beleza, Faze meus olhos contemplarem sempre o vermelho e o púrpura do Pôr do Sol. Faze com que minhas mãos respeitem as coisas que criastes, e que meus ouvidos sejam aguçados para ouvir a Tua voz. Faze-me sábio para que eu possa compreender as coisas que ensinaste ao meu povo. Deixa-me aprender as lições que escondeste em cada folha, em cada rocha. Busco força. Não para ser maior que o meu irmão, mas para vencer o maior inimigo, eu mesmo. Faze-me sempre pronto para chegar a Ti, com as mãos limpas e olhar firme, a fim de que quando a vida se apague, como se apaga o poente, o meu espírito possa chegar a Ti sem se envergonhar.
LUZ E HARMONIA

domingo, 6 de abril de 2008

RESOLUÇÕES DE UMA BRUXA

Que eu seja como a que tece o pano na floresta, profundamente escondida.
Que eu possa fazer o meu trabalho sem interrupção.
Que eu seja uma exilada, se é este o sacrifício.
Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo, e possa celebrar os quartos em cruz, solstícios e equinócios.
Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima, nas árvores desenhadas no céu luminoso.
Que eu possa acariciar flores selvagens, cobri-las com as mãos.
Que eu possa libertá-las, sem apanhar nenhuma, para viver em abundância.
Que meus amigos sejam da espécie que ama o silêncio.
Que sejamos inocentes e despretenciosos.
Que eu seja capaz de gratidão.
Que eu saiba ter recebido a alegria, como o leite materno.
Que eu saiba isso como o meu cão, no ossos e no sangue.
Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor, em canções que soem como o aroma do alecrim, como todo o dia e na antiguidade, erva forte da cozinha.
Que eu não me incline e à auto-integridade e à auto-piedade.
Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da Terra e dos Círculos de pedra, como raposa, mariposa, e não perturbar o lugar mais que isso.
Que meu olhar seja direto e minha mão firme.
Que minha porta se abra àqueles que habitam fora da riqueza, da fama e do privilégio.
Que os que jamais andaram descalços não encontrem o caminho que chega à minha porta.
Que se percam na nornada labiríntica.
Que eles voltem.
Que eu me sente ao lado do fogo para o que vier, e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar, sem que me peçam.
Que eu possa ter um simples banco de madeira, com verdadeiro rigozijo.
Que o lugar onde habito seja como uma floresta.
Que haja caminhos e veredas para as cavernas e poços e árvores e flores, animais e pássaros, todos conhecidos e por mim reverenciados com amor.
Que minha existência mude o mundo não mais nem menos do que o soprar do vento, ou o orgulhoso crescer das árvores.
Por isso, eu jogo fora minha roupa.
Que eu possa conservar a fé, sempre.
Que jamais encontre desculpas para o oportunismo.
Que eu saiba que não tenho opção, e assim mesmo escolha como a cantiga é feita, em alegria e com amor.
Que eu faça a mesma escolha todos os dias, e de novo.
Quando falhar, que eu me conceda perdão.
Que eu dance nua, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo.

Rae Beth


LUZ E HARMONIA

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